terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Na minha mão é mais barato!

Só Para refletirmos
Aos Queridos amigos e colegas!

Eis a questão:
O que é mais caro é melhor? Nem sempre.
O que é mais barato é pior? Quase sempre.
No quesito "como escolher um dentista?"  eu discorreria sobre alguns critérios que os pacientes devem usar pra encontrar a tampa da sua panela odontológica, ou seja, o dentista que combinaria com cada paciente.  A última “qualidade” que a pessoa deve procurar num profissional de saúde é preço, embora esse seja, sim, um fator a ser considerado. Quem paga a conta é que sabe quanto pode pagar, não é mesmo?
Mas eu quero falar sobre aqueles pacientes que levam a coisa ao extremo, que usam o quanto querem pagar (não o quanto podem pagar) como critério único para escolher um profissional da saúde. É uma estratégia perigosa, mas tá cheio de gente corajosa por aí, certo? . Lembro de duas situações que ilustram o que eu estou dizendo…
A mulher adentra a sala de espera do meu consultório com um papel na mão. Nele consta uma lista de procedimentos, com o valor correspondente ao lado. Eu perguntei no que poderia ajudar, e a senhora diz que quer saber quanto custam aqueles procedimentos no meu consultório. Eu aconselhei que fosse feita uma avaliação clínica. A pessoa diz que não há necessidade, já que ela já sabe o que tem que ser feito… só quer saber se ali é mais barato pra “fechar”.
Gostaram? Tem outra.
Certa vez, a mãe chegou com a filha para uma avaliação. A menina, de uns 14 anos, sentou na minha cadeira enquanto a sua digníssima progenitora discursava para minha nuca: “Eu vim aqui pra ver como é que é este lugar! Já fui em vários consultórios e clínicas antes desse. Se for muito caro, nem adianta!” Quando a mocinha abriu a boca pra eu olhar, o 36 era uma caçapa… cheia de pão, proveniente de uns 4 cafés da manhã. Ou seja: se o meu trabalho fosse baratinho, eu teria a honra de tirar comida dali de dentro a cada consulta. Não preciso nem dizer que fiz questão de dobrar os honorários pra garantir que os meus não fossem os mais em conta…
E por que esses pacientes agem assim? Porque eles não nos respeitam nem do ponto de vista pessoal (o que fica claro pelo desinteresse em escovar os dentes pelo menos
antes de ir ao dentista), nem do ponto de vista profissional (o que é comprovado pelo costume de esfregar “orçamentos” alheios na nossa cara).
Mas a pergunta que não quer calar é: por que eles não nos respeitam? Essa é fácil: enquanto basearmos o valor dos nossos procedimentos no que o consultório do lado cobra, enquanto “cobrirmos orçamentos” e falarmos mal de colegas para posarmos de fodões, enquanto
vendermos tratamentos em sites de compras coletivas e enquanto nos submetermos a tabelas de convênios que nos tratam como mão de obra barata, assim será.
Amém? Espero que não.
Forte abraço a todos!





Márcio Guimarães
Cirurgião-dentista  Especialista em Ortodontia

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